31 julho, 2009

Tangerina e Veredicto

A boa intenção não conta para o executor.
Seu fim será lembrado e lido pelo juiz como o fim da boa ação.
A boa ação será lembrada por você e por quem te ama.
Só a lâmina irá chorar, mas na verdade será teu sangue.

16 julho, 2009

Inquietação e Desejo

_(...)
-Hum... Sim, são belas estas paisagens.
_Mas qual diferença. Tudo não vem da mesma coisa?
-Que chamas de mesma coisa?
_Este excremento... Do mais estaria falando?
-Odeio este tipo de diálogo, respostas com perguntas... Não vejo sentido.
_Ah, agora tu muda de assunto. Sabes que digo a verdade, não?
-Infernos, o que queres?
_Que continue o assunto, não vê?
-Hum... Não considero excremento. É paisagem, e ainda por cima natural. Tenho um ódio tão grande quando começas a diminuir verdades. Quer negar fatos não é? Isso é impossível.
_Por que tem esta opinião?
-Pare de só perguntar. Diga algo... Afirme algo!
_Por exemplo?
-Se é para afirmar tem de vir de você! É algo seu, o que tu acreditas!
_Hum... Por exemplo?
-Ah, esqueça.
_Como esquecer?
-Cala esta lixeira.
_Estamos pensando. Não estou usando minha “lixeira”. Vá, não vai dizer?
-Para que? Você irá perguntar mais. Até o assunto mudar.
_Você sempre afirma o que é seu?
-Claro.
_Sempre?
-Uhum...
_Hipocrisia para nós é crime.
-Como ousa?
_O que?
-Afirmar um crime meu...
_Você não disse que não posso questionar fatos?
-Mas...
_Suas opiniões verdadeiras vem somente quando é de análise própria?
-Sim...
_E tu só diz o que analisa?
-(...)
_Vi que você discretamente meneou a cabeça para os lados...
-Você não questionou?
_Claro, relatei tua dúvida.
-(...)
_Não se sente sozinho?
-Nunca.
_É bom?
-Nunca me sinto sozinho, não conheci o outro lado para saber diferenciar.
_Lógico... Como nunca percebi?
-Porque é um tolo.
_Viu quantas vezes já me ofendestes hoje?
-Pergunta retórica? Espere... Está me testando?
_E se estiver?
-Você não para de trabalhar?
_Nunca.
-Não se cansa? Não sente falta de um momento só seu?
_ Nunca parei de trabalhar, não conheci o outro lado para saber diferenciar. Isso não é seu?
-Tudo bem, eu disse isso. Mas sentimos sempre. Podemos sentir. Nunca pensou? Em querer descansar?
_ Se foi você quem afirmou... Como não é tua opinião, o que acreditas?
-Estás falando do que?
_Mais cedo, dissestes que afirmação é o que você realmente acredita já se esqueceu?
-Eu disse, mas...
_E disse que nunca dizia o que não pensavas, esquecestes também?
-Mas...
_Tudo o que você diz não é verdade?
-Como é? Vá para o inferno! És a pior das criações.
_Acreditas mesmo que isto é paisagem?
-Você conseguiu. Não, não acredito. Sei que tudo surgiu quando a força produziu mais vida do que devia. E tudo se proliferou por cima. Graças a um erro. Por displicentes como você. Que temos que prestar nossos preciosos serviços a estes ingratos. Não cumpro obrigações, me permito a seguir o que considero, a fé. Mas gostaria que não fosse para estes inferiores...
_Aliviado?
-Já conseguiu o que queria... Deixe-me...
_Sabes que nos alimentamos pelas tarefas cumpridas... Entende-me, não é?
-Sim. Mas não sou obrigado a gostar de ti.
_Correto. Mas pense comigo, se nos alimentamos do cumprimento, não é uma forma de nos forçar à fé?
-Cale-se. Não irei cair-me.
_É como o livre arbítrio deles? Será?
-Como podes ser tão baixo?
_Não sou assim, na verdade quem se mostra baixo é você para ti mesmo, não percebe?
-Isso nunca acaba?
_Depende do que quer... Ainda não ficou claro?
-(...)
_(...?)